terça-feira, 21 de junho de 2011

Web série: A viagem. Capítulo 1: Libertando-se

Era pra ser uma viagem muito longa; maçante, entediante. Tudo estava certo para dar errado. Pessoas soadas, ônibus lotado e minha (falsa) vontade de viajar.
Na verdade o que eu queria mesmo era sentar numa moto e ir sozinha até um ponto inalcançável. Mas baby, as coisas não me permitem fazer isso no momento e tive que ir assim mesmo, numa estrada esburacada para um passeio furado.
O céu estava claro, então pensei “Pelo menos isso” quando entrei no ônibus. Encarei momentaneamente as quatro pessoas que se sentavam a esquerda, eram pessoas parecidas. Talvez não fisicamente. Entretanto aqueles olhos cansados de alguém que vai trabalhar para botar alimento na boca nos filhos eram semelhantes. A tristeza oculta. A felicidade pra não chorar.
Sentei.
Aguardei assim como todos; os outros 17 passageiros entrarem.
“Droga” falei mais alto do que devia; quando percebi que havia esquecido o meu livro.
É; as coisas pareciam ficar piores.
O motorista deu partida e seguiu em frente. Eu era só mais uma estrela no céu. Eu era essa só mais uma bolacha no pacote.
Não sei. De uma hora para outra eu já estava deitada na poltrona e meus olhos lacrimejavam. Virei o rosto e elas desceram quando senti a mão de Steves me tocar. Agora eu sei o nome dele.
“Desculpe” – disse. “O cara do meu lado não me deixa dormir. Vi que aqui estava vazio e vim para cá. Você estava dormindo, não quis acordar. Se importa se eu ficar aqui?“
Eu sempre fui uma pessoa “esquentada” e a atitude de enxugar os meus olhos irritou-me por instantes. “ A graça está no ocasional”, disse-me Matheus uma vez. Vou embarcar nessa.
“Ok, pode ficar”
E essas palavras alteraram o contexto...

2 comentários:

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