quarta-feira, 27 de julho de 2011

Válvula de escape

Em ruas vazias
Num frio enlouquecedor
Lá estava eu, pisando no molhado de minhas lágrimas.

A vida é mesmo algo fraco
Que se perde de um minuto para o outro
Que nasce de um minuto para o outro.

A morte: A escapatória
Uma válvula de escape eterna.
Uma onda para se afogar e estarei feliz (ou não).

Um drama? Ah claro.
Que ser não vive sem um, nem que seja momentâneo?
Uma vontade de morrer que geralmente dura uma noite.

Somos covardes meu caro.
Por querer fugir da vida como um rato foge do gato
Somos covardes meu caro, por não fazer.

Mas talvez eu esteja errada
Há tantos suicidas por aí.
Essa vontade de morrer, meu amigo, pode durar uma vida inteira.

A minha vontade de morrer dura sempre uma noite ou um dia
E após sua ida
Invade-me energia para aproveitar coisas mínimas que... Eu nunca mais teria se tivesse aproveitado a onda.

É só uma idéia que permanece em minha cabeça
A idéia de matar minha alma e renascer
Nem que eu faça isso trilhões de vezes.

Vou andar mais leve quando o vento levar a sujeira de minha alma.
Mas vou andar
Nem que no caminho haja pedras.

sábado, 23 de julho de 2011

Solidão

Hoje eu tive um sonho estranho
Voava entre o azul do céu
Esbarrava nos pássaros
E via, de repente, meu corpo jazido morto.
Era outro sonho
E eu acordava desesperado
Chorava pelos cantos
Olhava o retrato
Havia perdido meu amor.
E era outro sonho
Eu só estava deitado
Dormindo meio que acordado
Relembrando fatos
Amando apenas os meus guardanapos...
Para o poema rimar
E a água passar
Pelos cantos de minha casa
Tão solitária
Quanto seu dono
Tão abandonada
Quanto cachorros.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Capítulo 6 – O final... Ou Os finais.

O silêncio se fez presente.
Li em algum lugar que Fernando Pessoa também foi um poeta que possuía heterônimos, para quem não sabe os heterônimos são pessoas que habitam em uma pessoa só. Ao contrário de pseudônimo; que são vários nomes para uma mesma personalidade. Steves estava falando algo que eu não entendia muito bem ou não estava prestando atenção; começou vir em mente o que os meus outros EUS diriam sobre isso e o que fariam. Esse ato de ter várias personalidades é perfeito, é como se um pedaço seu fosse crescendo e se tornasse parte externa de ti, mesmo sendo parte de você. Algo complicado para quem nunca tentou. Iniciei mais uma vez um vídeo que só se passava na minha mente; com várias partes de mim tomando decisões e dialogando com o cara desconhecido ao meu lado.
Seria bom se a vida fosse assim nem que por cinco minutos do nosso dia, bom, ta aí algo que aconselho; você pode ter o que quiser na imaginação e pode imaginar tudo que faria se aquela parte; ás vezes ínfima, da sua personalidade, crescesse e tomasse seu “lugar” na sociedade. Pode rever situações usando seus vários EUS e definindo reações que cada pedaço seu tomaria.
Não há nada de mágico em ser você em várias pessoas; muitos podem dizer que é insanidade; quem sabe. Mas todo mundo tem seu lado louco, mesmo que tente esconder.
Sinceramente eu estava pensando em tudo e em coisa nenhuma. Tentei olhar tudo por outro ângulo e perceber o que quão ridículo; e engraçado ao mesmo tempo, as coisas aparentavam ser.
_Dafnee? – Steves interrompeu-me os pensamentos num rompante, mesmo que aparentemente sem perceber.
_Desculpe, o que você dizia?
_ A Jornada está ai.
A Jornada está aí... A vida está aí, as coisas não param e meu coração não está nem aí. Ele bate, é óbvio, mas ele parece seguir seu rumo de forma transcendente ao meu raciocínio. Intrínseco.

A imaginação de Dafnee
Heterônimo Um
_Steves, devo confessar a ti que mantive todos os meus sentimentos escondidos. Desde o primeiro momento que te vi meu coração sabia que havia encontrado o amor. Beije-me agora e seremos felizes até nossos corações pararem de pulsar.
Heterônimo Dois
_ Ah, sem essa carinha. Foi só uma viagem, relaxa. Pare de tentar encontrar sentido nisso, a vida é boa quando não há sentido para vivermos coisas boas. Te vejo em qualquer esquina por aí, ou não, tanto faz, mas foi bom.

Meu pensamento foi interrompido pelo barulho do carro que chegou para buscar Steves.
Por trás das cortinas...
Ele me deu um abraço quando seu tio chegou para buscá-lo. E pediu que esse me esperasse junto a ele o meu avô de consideração chegar. Trocamos os números de telefones e após a chegada de meu avô Antônio, descobrimos que as casas de nossos parentes ficam no mesmo bairro. Coincidência? Destino? Chame do nome que quiser, mas a nossa jornada não terminou. Nós vamos caminhar com nossas próprias pernas todos os dias, e quando minha mala de emoções tiver pesada, ele irá me ajudar e vice-versa... Mas vamos aproveitar enquanto a música não para.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Capítulo 5: O Ponto.

Os pássaros vão se aproximando enquanto estou sentada na calçada apreciando a paisagem. Steves ao meu lado; calado; o fim da viagem chegou e nós estamos parados em frente á rodivária. Seria tão bom se pudéssemos pausar, podendo dar play e como num vídeo; se repetindo até enjoarmos e ficarmos embriagados de bons momentos.
Chegamos à rodoviária trinta minutos atrás. Estamos agora como no início, cada um tem seu lado, seu caminho, sua vida, seu destino; e as lembranças são certas. O reencontro; não. Nada é certo quando se entra num ônibus. E as minhas lembranças com ônibus geralmente não são boas. São sempre lotados, suor por todo lado e música ruim.
Entretanto nessa viagem eu tive silêncio, poesia e Steves. Meu amigo de passagem. Meu livro nem fez falta perto de nossas conversas.
_É Dafnee... Será que vamos fazer como nos filmes? Sabe... Nós nos beijamos, passamos vinte anos lembrando um do outro e de uma hora para outra numa fila de mercado...
_Eu não gosto de ir ao mercado.
_Hahaha, você é hilária. Mas... Numa esquina, quem sabe, você me vê, ou te vejo; nos corremos e nos abraçamos e falaremos que nunca esquecemos um do outro. Depois eu descubro que você esta de casamento marcado e enfrentaremos essa batalha.
_Haha, ótimo Steves. Mas é por isso que não gosto de filmes. Sabe; os personagens são como nós, eu queria que fossem mais corajosos para nós encorajar a viver ao invés de esperar; e sabe, sendo como nós nos deixa mais certos de nossa constante dúvida sobre o que fazer, demoramos tanto tempo para fazermos o previsível. Impulso tem lá seu lado bom. E além disso, não estou vendo romance nessa viagem.
_Quando eu vi você... Não, to brincando! Haha, É verdade, não teve romantismo, YES, eu fui um otário.
_Ah para... Isso também é tão clichê. Você diz que foi otário e que não quis mostrar os sentimentos, e você dá a entender que os manteve em um saco preto fechado e quando percebeu que a estrada chegou ao fim para nós, você toma a incrível decisão de super herói e abraça a mocinha dizendo que foi justamente um otário e pergunta se tem chance.
_Vamos supor que seja isso... O que a mocinha responde?
_Isso vai depender muita da mocinha.
_ Suponha que a mocinha seja você.
_Ela dá um soco e sai correndo; esse cara é maluco.
_Hahahaha. Mesmo?

domingo, 17 de julho de 2011

Rascunho.

Sempre me perguntam o que me faz feliz. Porém não fazem de minha resposta realidade. Tudo bem.
Seria bem melhor se tu me perguntasse o que me faz triste e não fizesse de minha resposta a realidade.
Não precisa fazer esforço para arrancar o sorriso meu.
Basta não fazer nada para tirar-me o rio de lágrimas.
Dobrei os lençóis e refiz minhas malas. Eu vou sair de sua vida; desse quarto, do hotel, da cidade, do estado, do país.
Eu vou sair de você, mesmo que você não saia de mim.

sábado, 9 de julho de 2011

Capítulo 4 - Voar.

Nesse momento iniciei uma observação profunda sobre Steves. Ele tinha olhos claros,um mel metido a ficar verde no sol; pele morena, sorriso gentil e desconfiado.
_ O que faz aqui? – Questionei, finalmente.
_Converso com você.
_Não, você me entendeu. O que te trouxe aqui? O que você faz? Conte-me histórias.
Conte-me histórias...
Eu tenho apreço por isso, lembro-me da minha época de infância. Todos os primos preferiam brincar no sítio da minha avó, minha velha avó; e eu? Eu ia justamente por causa dela; somente por causa dela. Dona Vitória nunca me deixou sem histórias, umas mais fascinantes que outras, meus olhos brilhavam.
_Gosta de histórias, moça?
_Mais do que você pode imaginar.
_Na verdade eu posso imaginar muito.
_Mesmo?... Mas conte-me histórias – pedi mais uma vez.
_Ah Dafnee, eu vôo com os pés no chão. Tudo que eu quero é conhecer os pedaços desse planeta; perdoei-me, mas não quero conhecer o mundo todo; sabe, uma parte dele não é nada bonita e todos nós sabemos disso.
Voar com os pés no chão. Ele poderia recitar um texto gigantesco e aquela citação eu não iria esquecer; pois quero entender.
_Voar com os pés no chão? O que quer dizer?
_Não sei se consigo explicar; se você conhecer-me bem irá perceber que falo coisas assim... Voar com os pés no chão: ônibus, por exemplo; bom, eu estou voando para o mundo, entretanto estou em terra firme.
_ Hum... Mas você fala coisas "assim"... Assim como?
_Assim complexas, assim sem entendimento, sem noção, divagando.
_Sei...
Cogitei dizer “Que coincidência, sou assim por vezes; ou por completo. Haha. Está vendo?”
Não. Deixe ele descobrir, há pessoas que são como uma caixinha de surpresas; eu quero ser uma.
Desta vez.