Meu nome é Dafnee.
Eu vivo em outro mundo, sou uma estranha. Durmo em cima de um labirinto e acordo em cima da neve.
Ok; é só a fronha do meu travesseiro.
Mas...
Se eu fosse ao pé da letra isso significaria que durmo pensando no que vou fazer e acordo num frio que desisto de levantar. Todas as manhãs. Fico assim sem se mexer, sem tomar atitude. E volto a dormir a noite numa busca interminável pelo prêmio tão esperado ao fim do labirinto. Prêmio esse que não vou atrás. Essa é minha vida interior.
Porque na verdade mesmo sem querer levantar, é isso que faço.
As pessoas normalmente ficam confusas com o que digo, percebo por vezes o vácuo, e por mais vezes ainda o vácuo oculto. E então quando digo “Vácuo oculto” ninguém entende. Possa ser que não há mesmo um sentido para outros. Mas para mim, muitos detalhes são o centro. Vácuo = ficar sem resposta. Oculto = escondido. Vácuo oculto = uma reposta que está ali, escondida, com medo de mostrar as caras. Ficar sem reposta porque a outra pessoa tem medo de responder. E se você não entendeu, fique traquilo. Eu tenho mesmo a facilidade de embaraçar as coisas. Não é você que está certo, eu é que vivo errada.
Medo.
Aquele que não tem medo que se jogue de uma ponte. Não. Aquele que se jogar de uma ponte está fugindo de algo. Por medo. Todos aqueles que têm a capacidade de respirar tem medo de alguma coisa. É nisso que acredito, e tenho MEDO de vocês.
Vocês.
Vocês; pessoas, seres impulsivos, dissimulados, loucos por amor, malucos por dinheiro. Honestos demais, puros demais. Impuros demais, desonestos demais. Vocês, que circulam numa sociedade corrupta e cheia de paixão e ódio. Vocês que tem vários caminhos e endoidam de pensar em algo simples. Vocês; eu. Eu faço parte disso.
Fui a criancinha do papai por 20 anos. Sai de casa aos 20 e meio. Voltei aos 21. Não sou mais a criancinha.
Como vocês percebem, andar com as próprias pernas é só o ditado mais estúpido que eu conheço. E o que eu mais uso. “Preciso caminhar com as minhas próprias pernas”. Acredite, as pernas são o que você não terá óbice de levar. Difícil mesmo é caminhar com seu coração, com seu sentimento, com sua raiva, seu momento, seus dias de terror, seus dias mal humorados, sua irritação, o seu chefe em mente, o trabalho. As pernas ficam como pena perto da mala de problemas.
Ah claro, não pensem que sou uma vagabunda. Pelo o contrário, meus caros. Eu sou uma insana por estudos. E, estou cansada do que costumo mais apreciar.
Veja bem, me compreendam. Please.
Não é que não quero casar, ter filhos, fixar-me de vez no emprego e arrumar os alicerces de minha efêmera passagem por esse planeta chamado Terra.
É que quero explorar, quero viver mais. Viver; sabe? Viver mesmo.
Viver no dicionário “Ter vida. Existir. Durar, perdurar. Alimentar-se. Ter como meio de vida. Passar a vida. Dedicar-se inteiramente. Conviver.”
Ao pé da letra, ok.
Entretanto nem sempre “ao pé da letra” faz mais sentido.
Do que adianta existir, se você é imóvel?